segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Parece que foi ontem

Incrível como o colega se esquiva da responsabilidade pela inatividade do blog. Posta e se intitula salvador ainda dizendo ter esperança de me inspirar! Parece que foi ontem que discordávamos com fervor por coisas pequenas e grandes sem objetivo certo.

Se não escrevi nada foi por não atentar contra a sagrada alternância de autoria nos textos que protejo por neurose, é verdade, mas também para assegurar que nenhum dos lados monopolize os debate. Aliás, acho que estou perdendo o foco do mesmo.

Mas devo dizer que não erro tanto quanto esse parnasiano aguado em seus sonetos insossos. Tanto preciosismo ceifa todo o sentido das sentenças, anula qualquer exaltação e sentimento. É como um texto em prosa sem exclamação!

Não gosto muito de rimar, e pouco extrai do seu soneto para contestar, então vou fazer alguma coisa em verso que TALVEZ atinja algum ponto abordado. Lá vai...

"Hino"

Nas margens de rios secos
Ladram forte os cães pátrios
Sorte aqui não haver espelhos
pois minguam magros e pálidos
Pela liberdade, salve! Salve!

Acordemos deste sonho tosco!
A admirar o céu nublado e viver no submundo
Saiamos do jugo do colosso!
O gordo, o pérfido, o maligno e rotundo

Problemas gigantes por sua própria natureza
desigualdade e crimes sustentam a realeza

Deitada eternamente em cova funda
jaz a pátria ignorante em prantos
adubando as belas flores que aqui abundam
apresento-lhe nossos belos campos

...e assim vai, cansei

Tempo pra burro

Faz tempo pra burro que ninguém posta nada aqui. Assim sendo, é na esperança de inspirar o antagonista que venho hoje com uma de minhas poucas obras literárias, originalmente feita pra ser um 'capítulo' de uma grande composição lírica tematizada no Brasil. Chega de enrolar, aí vai:

Aos patriófobos

Ingrato, cospe o filho parricida
Na face já alagada do vão pranto
Da Terra que encontrou desgosto tanto
Na prole que gerou durante a vida

E com de joalheiro esmero lapida,
A polir de sua adaga cada canto
P'ra melhor trespassar o sacrossanto
Gentil seio; abrir mais outra ferida.

Da ignorância gabai-vos, ó dementes,
E do, pela Nação vossa, desprezo
Mas sabeis que a punição nunca tarda

A quem aos auri-verdes estandartes
Ataca com tão obsceno menosprezo,
População apátrida e bastarda!

terça-feira, 28 de abril de 2009

Pertencimento

Hora de esfriar um pouco o clima aqui, muita coisa no ar e sinto que nesse jogar de opiniões um verdadeiro diálogo não foi estabelecido. Porém, devo acrescentar, fique tranquilo. Tenho ainda dúzias de declarações das quais você poderá discordar e mostrar aquela indignação que movimenta o blog. Afinal, algo tem de fazê-lo, na ausência de visitantes é difícil manter a chama acesa.

O assunto da postagem de hoje é a sensação de pertencimento, não às organizações superficiais e claras como Estado, credo ou mesmo gosto musical, mas à correntes de pensamentos. Esse domínio irreal, ou melhor, domínios no plural mesmo. A expressão para designar pessoas muito diferentes como "de outro planeta" pode ser justamente aplicada aqui.

A razão de falar nisso é muito simples, ao chamar suas teorias de Verdade (com "v" maiúsculo mesmo) você rebateu dizendo que essa sua lógica funciona somente para sua pessoa, provavelmente se precavido de qualquer acusação de fraco embasamento das teorias. Sendo assim entro nos méritos dessa discussão, pra que?

Sem leitores para se decidirem em que lado ficar e uma óbvia falta de comunicação pelas DUAS PARTES (meu pensamento labiríntico é problemático, mas você decide se fechar e dizer que suas idéias só servem a você) vou tentar revelar algo útil que talvez leve a um concordância. De que domínio somos?

Julgo ser de um plano onde o óbvio não funciona, não existe. Já fui do óbvio, do não pensar em nada que desse dor de cabeça e fui muito feliz. Por partir dele, desse lugar onde desejo, alcance e solução são tão claros e partir para o desconhecido que desenvolvi a idéia de evolução. Sim, sinto-me superior a você, mas isso não deve ser novidade.

Infantilidade, ignorância, clareza e felicidade. O amontoado de lembranças deixa muito manchada minha opinião. Juro que tentei abraçar a simplicidade e objetividade, mas me senti um farsante. Não é assim que faço, ponderar e ponderar já virou o meu óbvio. Chega a ser ridículo qualquer tentativa de agir diferente das minha normas.

Terei de aceitar que o dia já não me acolhe, e a madrugada abraça a solidão (ou abraça-me com solidão). Talvez você tenha conhecido amadurecer sem passar pela desmistificação e ainda assim conservar a atividade intelectual. Não vou mentir, acho surpreendente e Deus te livre de tropeçar no meu domínio, ele te devora.

Altos e baixos existem nos dois, de forma diferente com intensidades diferentes, quase como unidades de pesos e medidas divergentes. Não há alguém errado, mas há sem dúvida alguém que está perdendo. Felizmente, em minhas medidas, se gabar  do sofrimento me da alguns pontos. Não sofro propositalmente, mas é bom que algo de bom saia daqui. Recentemente perdi essa válvula de escape e vou dizer que entrei em parafuso.

Seja como for, é isso. É isso o que temos, é isso o que somos. É isso, o conformismo é sensato nesse caso.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

A defesa gostaria de se pronunciar

Fica difícil de saber por onde começar. Acho que você ou está me entendendo mal, ou está tentando não me entender. Eu tentei deixar clara a minha filosofia, mas você continua apostando na ingenuidade da mesma. Minha filosofia não se baseia em não pensar tanto a ponto de ser como você é. Baseia-se em ser capaz de pensar além, e passar direto pela fase na qual ficou preso.

Já que não quer me provar errado, e eu não vejo como eu poderia estar mais certo, o máximo que posso fazer é defender-me do que me acusou. A palavra da vez foi "ignorante", não foi? Primeiro eu vou explicar o que você pensou. Você acha que, uma vez que acredito que a simplificação dos problemas e a opção pelo óbvio quando enfrentando um dilema é o caminho para evitar a depressão que assola vossa senhoria, estou optando por pensar o mínimo possível, tirando assim o mínimo possível de proveito da situação, e me conformando. Acha que eu disse que evitava pensar em questões sem resposta porque sou demasiado indolente para resolver as coisas pelo caminho mais longo.

Pronto, agora vou explicar onde você errou. Seu erro foi não saber o significado dos termos que usei, como "óbvio", "simplificar" e "sem resposta". A opção pelo óbvio não é a solução mais fácil, direta, e não é executada independentemente de pensamento prévio. O óbvio simplesmente é aquilo que está ali, claro, translúcido, esperando para ser feito. Feito por você, se for rápido o suficiente. Simplificar os problemas não é ignorar sua seriedade, é só não superestimá-los, como o faz tanto, colega. Deixar de criar novos problemas dos problemas já existentes e inerentes a qualquer homem é a atitude que me difere de você. Perguntas sem resposta são essas que tanto insiste em fazer, tentando por em xeque minha fé (entre outras facilmente reconhecíveis). Não vou discutir fé com você, espero ter deixado isso claro nas conversas fora de registro. Não perco mais meu tempo levando em consideração coisas sobre as quais já me resolvi. Aliás, já se resolveu também, não é? Não crê e ponto. Mas apostaria o que for que é um assunto sobre o qual insiste em pensar.

Bom, cheguei num ponto onde sou obrigado a te chamar de calunioso. Não defendo o óbvio como a Verdade. É o que escolho fazer, e funciona. Não é uma filosofia perfeita, ou aplicável a todas as situações, mas é uma filosofia funcional. Sabendo utilizá-la ela dá muito mais frutos que sua inércia, e com o mesmo grau de prestígio que suas "realizações meticulosamente planejadas". Esse modo de vida não me obriga a viver do mínimo, quem vive do mínimo é você. O extraordinário do qual falei foi simplesmente algo que realmente passava longe do óbvio. Uma vez definido isso como meta, fazer o óbvio me deixou numa situação no mínimo complicada. Agora sinto um pouco de satisfação, uma quantidade considerável de remorso, e bastante dúvida.

Complicações à parte, digo, honestamente, que não acho que o que faço é a postura que se espera de alguém que está, como me acusou de estar, "aproveitando o passeio". Acho que faço da vida justamente o contrário. A vida não é para se complicar, amigo, a vida é uma oportunidade. Priorizando os impecílhos, como faz, não se faz nada do viver. Já começou se defendendo, dizendo que fazer sentido não era seu forte, e que eu não deveria me preocupar em procurar a lógica do seu texto. Não há como eu fazer isso, que graça teria se fosse isso só palavras a esmo, se fosse só pelo prazer de discordar? No meio de tantas metáforas é justamente tentar achar um sentido o que possivelmente salva esse diálogo.

Já te ataquei em demasia no(s) último(s) texto(s), tiro esse pra me defender, e sei que ainda vai ter com o que me criticar, então só posso esperar pela resposta.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Prazer em discordar

Verdade, fazer sentido não é um dos meus pontos fortes então nem tente achar muita lógica no que digo. O que pode ser confundido com hipocrisia eu prefiro chamar de "dinamismo intelectual", penso em tudo pela jornada em si: antes de procurar a resposta o que me interessa é o caminho percorrido.

O mesmo vale para esse blog, minhas réplicas não tem uma finalidade específica. Convencer-te? Claro que não, você parece estar feliz na ignorância; Convenser-me? Não faz sentido, pensar argumentos que me salvariam da sua felicidade está longe de ser meu objetivo. já disse, te invejo.

Sendo assim, devo concluir: faço tudo pelo prazer em discordar. Talvez pareça um grande impecilho ao crescimento moral e intelectual, talvez pareça uma teimosia hipócrita, só talvez. Você sim, acabou sendo mais conformisma que um derrotista derrotado, que o inerte preguiçoso e também é muito mais hipócrita.

Complicado? Eu desenho para você. Fala desse óbvio como verdade absoluta, tem a pretenção de te-lo como Verdade (com "v" maiúsculo). As complicações da vida não somem porque você decide pela solubilidade das mesmas, se dissolvem parcialmente sim pelo esforço, mas este parece distante. Se vangloria de uma conquista impossível. Está errado!

E agora percebe que teus caminhos fogem de rumo por um gostinho do extraordinário. Talvez tenha percebido: o mínimo não basta. Essa vida não é experimentação, e tão pouco um teste. Isso é tudo, aproveite. O algo mais não existe pela simples necessidade, a crença no algo mais que existe e tão somente ela. Se te conforta essa ilusão, sente, se acomode e aproveite o passeio.

Quanto antes aceitar a idéia de um 'progresso estático', de uma inércia arrebatadora e da fragilidade do espírito frente a questões tão insolúveis, melhor. Melhor para quem eu não sei dizer, acho que para meu ego por ter aberto os olhos de uma pessoa, ainda que minhas intenções estejam longe de serem cruzadistas.

Loucura

Me chama o senhor de desesperado? Chama de escapista? 'Loucura!', o digo. Loucura é me acusar de desespero argumentando pela minha decisão de evitar discutir comigo mesmo sobre assuntos cuja resposta não tenho. Que são, senão essas discussões, essas perguntas sem resposta, o que causa o tão famigerado desespero do colega pessimista? Loucura é me dizer escapista, acusando de fuga e ingenuidade a minha visão pragmatizada do mundo, e a simplificação do que se apresenta como complexo. Negue que é justamente evitar a tudo afim de evitar a frustração a filosofia que segue! Negue que quero ver!

Dói me dizer, meu amigo hipócrita, mas apesar de tudo, acertou. Acertou que estou com problemas. Mas meus problemas não provém de fé abalada, seja fé na minha filosofia, seja fé no que for. Vêm eles como problemas quaisquer, que a todos vêm. Conseguiria, inclusive, pôr a culpa em falhar em seguir tal filosofia, em almejar o extraordinário. Mas não consigo me ver como errado, acredito que o extraordinário é necessário, com moderação. A satisfação chegou a mim por esse método utópico também. Mas chegou a satisfação parcial. Satisfação essa que não me satisfez, e me obriga a buscar com vontade ainda maior sua parte que ainda não experimentei.

Acho, apesar de tudo, engraçado como você coloca o quão pouco importante é me provar errado, e divide uma série de contra argumentos a mim em seis parágrafos completos. A única conclusão que tiro disso é que isso tudo que escreve não se destina a convencer a mim, e sim a convencer si próprio. Vai que o que eu digo começa a fazer mais e mais sentido e, uma vez que você não consegue aceitar a tese na totalidade, você a nega sistematicamente.

Já o disse, e digo de novo agora para registro: nada será ganho dessa sua postura derrotista. E perdendo mais e mais, como quer convencer a um homem que chama a si mesmo 'satisfeito' de que está errado? Loucura.

Só seria uma pena se essa postagem o convencesse completamente e tivéssemos que descontinuar o blog.

Um pouco de Fé

A leve brisa do desconforto já lhe força a vendar os olhos? Fé abalada, não negue, o senhor está com problemas. Forçar-se a ver o óbvio te priva do extraordinário, para que um sacrifício tão grande se não para acusar um desespero em estágio embrionário?

Mas o que é a fé afinal?

Nossas discussões não registradas parecem ter sido emperradas por essa questão. A crença na ausência de provas, ou a força invisível presente no cerne de cada decisão? Você parece pender para a segunda e me acusa de ter fé na não-fé. Já chega! Como se não bastasse os ateus se definirem pelos crentes (já que o termo é definido pela oposição ao outro 'a-teu').

Bom, vou tentar não levar isso para o lado religioso, mesmo porque não existe nenhuma Verdade a ser achada. Chego então no meu segundo ponto: até que ponto é importante que te convença de que meu lado é correto? Como pessimista derrotista pode ser só mais um artifício para jogar a toalha, deve ser.. deve ser..

Mas continuando, se esse método de foco no óbvio funciona para você, quem sou eu para julgar? Aliás, invejo essa certeza. Ainda assim, quando olho de longe e penso um pouco vejo mesmo é a fuga para a ingenuidade. Falou até em bloquear pensamentos, é a única conclusão possível!

Muito desse raciocínio se deve ao fato de que a minha curva da felicidade tem acompanhado a curva do meu crescimento (com pequenas anomalias na quinta série e no primeiro ano). Talvez não a curva da felicidade propriamente, mas a curva da dificuldade na busca pela mesma. Novos elementos jogados a todo momento: dinheiro, realização profissional, amorosa... dinheiro.

Limpar esse quadro deve ser uma baita ajuda, mas também um baita retrocesso. Porém, ai que fica engraçado. Ao contrário do que essa tese indica o indivíduo mais voltado para o passado sou eu, enquanto o ingênuo colega se preocupa com o futuro. Perigo de escrever a esmo, pode acabar em um beco sem saída.

Meu único consolo é que logo mais não estarei sozinho, se prepare.